O desenvolvimento da gen.tica molecular nas .ltimas décadas produziu grandes mudanças nos conhecimentos sobre a fisiopatologia das doenças, modificando os critérios de diagnóstico e de tratamento, e enfrentando o m.dico com novos conceitos provenientes de uma avalanche tecnológica que é incrementada dia a dia. Nosso objetivo é expor uma posiçâo bioética bastante difundida sobre alguns aspectos da medicina genómica e, simultaneamente, fazer alguns comentários críticos a esta posiçâo, resgatando suas contribuiçôes. Em primeiro lugar, apresentamos e discutimos a definiçâo de doença genética proposta por Closer, Culver e Gert, suas conseqüências e os critérios que se deve levar em conta para decidir realizar ou nâo um diagnóstico genético. Em seguida, analisamos a proposta de Berger em relaçâo á legitimidade da terapia génica. Concluímos que a definiçâo oferecida é suficientemente ampla para incluir alteraçâes funcionais, psicológicas e inclusive sociais. No entanto, é fortemente biologista ao centrar o critério de normalidade no biológico e estatístico. Nâo levando em conta a determinaçâo cultural do conceito. Assim mesmo, em relaçâo à terapia génica, mais que uma objeçâo moral, o que o autor propôe é uma morat.ria que descansa na insuficiência dos conhecimentos atuais nos quais se fundamenta uma filosofia utilitarista. Sustentamos que a comunidade terá que decidir até onde esta disposta a aceitar a "loteria gen.tica" e, em conseqüência, os alcances e limites da medicina genómica.