O "desejo de conhecer" uma das aspirações fundamentais do homem, conjuga-se com a ambição ou a competitividade, fenômenos que podem promover desvio de seus objetivos desinteressados. Atualmente lança-se suspeita sobre a "libido sciendi" que vem se transformando em "libido dominandi", situação que combina valorização legítima do poder e a idolatria do progresso.
Entretanto, os possíveis desvios não devem ser imputados somente ao desejo de conhecer, mas, também, ao sistema social que, por meio das instituições, obriga os investigadores a demonstrarem competência permanente através de projetos e publicações compelindo-os a submeterem-se às leis da concorrência econômica ou adaptarem-se ao jogo da competição internacional pelo prestígio.
Como membros de uma comunidade científica com interesses próprios, é preciso que defendamos a autonomia da "libido cognoscendi" frente aos determinantes sociais na medida em que deles dependem os recursos econômicos para investigação. A investigação ainda que desinteressada constitui valor importante para o enriquecimento cultural da sociedade, mas é necessário permanecer vigilante pois o homem encontra-se no centro das investigações, assim como as aplicações advindas das mesmas.