Ante os problemas apresentados pelas novas tecnologias, a ética médica tradicional encontra-se incapacitada para respondê-los satisfatoriamente. Atualmente, as investigações e aplicações experimentais biotecnológicas são cada vez mais numerosas e sofisticadas, porém cativas de desejo e constância que desconhecem limites e cujo desequilíbrio constitui seu único e infatigável motor. A busca do conhecimento turvase frente à implacável "lógica da eficácia". Este problema apresenta-se grave já que a revolução biológica (Bernard) diferentemente da revolução terapêutica que afetava o exercício da medicina no prisma individual, alcança a humanidade enquanto espécie. Questiona-se, então, controlar as atividades científica não significa restringir a quisição de novos conhecimentos fundamentais?
Os novos domínios da ciência exigem novas responsabilidades. Frente ao velho humanismo finalista e paternalista, o novo humanismo apela para a responsabilidade. Assim, o "princípio da responsabilidade" (Jonas) somente adquire um sentido ético na medida em que cada indivíduo descobre-se, de alguma maneira, como autor das mudanças de grande magnitude de forças que ele próprio não controla. Num tempo em que a ciência torna-se cada vez mais operativa e manipuladora, ou seja, quando o saber também significa poder, a reflexão filosófica tem que dirigir-se para uma nova Razão Prática.